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A cortiça é a casca do sobreiro (Quercus Suber L.), sendo portanto um tecido vegetal 100% natural.
Retirada a cada nove anos, sem que nenhuma árvore seja cortada durante este processo, a cortiça dá origem a uma infinidade de produtos, desde os tradicionais, aos mais inovadores e inesperados, sendo que o principal é a rolha. No entanto, nem toda a cortiça possui os requisitos necessários para se transformar nesse nobre objeto.
Cada sobreiro demora 25 anos até poder ser descortiçado pela primeira vez e só a partir do terceiro descortiçamento (aos 43 anos) a cortiça, então denominada «amadia», tem a qualidade exigida para a produção de rolhas.
As duas primeiras extrações – cortiça «virgem» e «secundeira» –, assim como a que é retirada da base da árvore, resultam em matéria-prima para isolamento, pavimentos e produtos para áreas tão diversas como a construção, a moda, o design, a saúde, a produção de energia ou a indústria aeroespacial.
A extração é feita por profissionais altamente especializados, sempre entre maio e agosto, quando a árvore se encontra numa fase mais ativa do crescimento e se torna mais fácil descortiçá-la sem ferir o tronco. O sobreiro é a única árvore cuja casca se auto-regenera, adquirindo uma textura mais lisa após cada extração. Pode ser descortiçado cerca de 17 vezes ao longo de uma longevidade que é, em média, de 200 anos.
Calcula-se que por cada tonelada de cortiça produzida, as florestas de sobro sequestrem mais de 73 toneladas de CO2, uma ajuda preciosa para a redução dos gases com efeito de estufa, a principal origem das alterações climáticas.
Igualmente surpreendente é o facto de os sobreiros aumentarem a capacidade de retenção destes gases durante o processo de regeneração natural que sucede ao descortiçamento – um sobreiro descortiçado fixa, em média, cinco vezes mais CO2. A capacidade de reter dióxido de carbono estende-se também aos produtos transformados de cortiça, que continuam a assegurar esta função de fixação de CO2.
Estas florestas são um dos melhores exemplos do equilíbrio entre a conservação do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável – só o facto de nenhuma árvore ser abatida durante o processo de extração da cortiça constitui um caso único em termos de sustentabilidade.
As rolhas de cortiça são biodegradáveis e absorvem CO2, mas a sua vida não termina depois de aberta uma garrafa. A reciclagem, e a reutilização de materiais, permite que o ciclo de vida da rolha de cortiça se prolongue, contribuindo para um mundo melhor.
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